Novembro negro! Mês para revisitarmos Zumbi e a consciência negra. Mês para, no dia 18, marcharmos com as mulheres negras. Nada mais justo, portanto, que dedicar o mês de novembro para alguns dos melhores diretores e diretora do continente africano.
Na África, explorada e devastada há séculos, o cinema tem sido uma arma fumegante para lutar pela sua independência – não meramente institucional, mas cultural e ideológica. Segue, portanto, uma lista com alguns diretores e diretora de diversos países do continente, que sabem usar o cinema a favor da África, de seu povo e de sua riqueza cultural.
1. Ousmane Sembène (Senegal)
O grande nome da história do cinema africano. Ácido, irônico e profundo. As obras de Sembène traduzem as questões políticas, sociais e culturais de seu povo, feitas de uma forma prazerosa de se ver. Colorido, alegre, duro, forte e resistente como a África.
2. Abderrahmane Sissako (Mauritânia)
Diretor capaz de transportar as grandes paisagens e os desertos para o vazio interior do indivíduo, criando um mimetismo entre o espaço físico e a subjetividade de seus habitantes. Dessa forma, traduz o seu cinema não apenas a partir de belas fotografias, mas de profunda sensibilidade.
3. Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso)
Um dos diretores africanos mais reconhecidos pelo ocidente, resultando na participação em obras coletivas como “11 de Setembro” e “Histórias de Direitos Humanos”. Apesar de fazer cinema em um país em que pouca gente ouve falar: Burkina Faso.
4. Souleymane Cissé (Mali)
Um dos grandes nomes do cinema africano ainda em atividade. Em suas obras, Cissé foge de padrões e mistura fantasia com construção da realidade. São filmes mágicos, que incluem novos recursos ao estilo africano de se fazer cinema.
5. Djibril Diop Mambéty (Senegal)
Autor de um dos filmes mais importantes da África: Touki Bouki (A viagem da hiena). Nesse filme, Mambéty já revelava para o mundo a sua qualidade técnica, mesmo em um período em que “conseguir fazer” era mais importante que “fazer bem feito”. O diretor não apenas fez, mas fez com um primor estético e um domínio técnico que não fica atrás de nenhuma escola europeia ou brasileira.
6. Youssef Chahine (Egito)
Um dos maiores nomes do cinema egípcio, com uma filmografia extensa e um prêmio Cannes pelo conjunto de sua obra. Diretor cujas obras merecem ser investigadas e descobertas.
7. Flora Gomes (Guiné Bissau)
Como grande parte dos diretores africanos, o seu país e o processo de independência estão presentes na sua filmografia. No entanto, a cultura de seu povo, a sua cor, a sua música, também são temperos que trazem um encanto maior às suas obras.
8. Djamila Sahraoui (Argélia)
Apesar de ter 65 anos, somente em 2006 dirigiu o seu primeiro longa de ficção – antes tinha dirigido alguns documentários sobre a Argélia. Desde então, já lançou novas obras, com algumas premiações. É uma diretora que vale à pena acompanhar.
9. Licínio Azevedo (Brasil/Moçambique)
Já que o Brasil também faz parte do continente africano, nada mais justo que incluir Licínio Azevedo, nascido no Rio Grande do Sul e erradicado, há mais de 40 anos, em Moçambique. Licínio investiu e produziu no cinema moçambicano, colocando o país na rota cinematográfica da África.
10. Jean-Pierre Bekolo (Camarões)
Mais importante cineasta de Camarões, estreou com o premiado Quartier Mozart. Encabeça uma safra promissora do cinema camaronense, que reconhece na arte um instrumento importante de afirmação cultural, em um continente marcado pelo colonialismo.