Direção: Isa Grinspum Ferraz
Maior nome da militância de esquerda no Brasil dos anos 60, Carlos Marighella atuou nos principais acontecimentos políticos do Brasil entre os anos 1930 e 1969 e foi considerado o inimigo número 1 da ditadura militar brasileira. Líder comunista, vítima de prisões e tortura, parlamentar, autor do mundialmente traduzido "Manual do Guerrilheiro Urbano", sua vida foi um grande ato de resistência e coragem. Dirigido por sua sobrinha Isa Grinspum Ferraz, o longa-metragem Marighella é uma construção histórica e afetiva desse homem que dedicou sua vida a pensar o Brasil e a transformá-lo através de sua ação.
Dizem que o mundo dá voltas, que determinadas modas sempre viram tendências novamente e que certos condenados a História absolverá. Pois bem. Décadas depois a história do baiano Carlos Marighella está voltando à tona, repaginada, re(escrita) por várias mãos, que tentam lhe conceder um mérito que a “história oficial” e a memória do povo nunca lhe concederam.
De Isa Ferraz nasce esse documentário sentimentalista e pessoal, que não se perde muito em causos ou polêmicas e se fixa no resumo de vida de Marighella, contada sobre a perspectiva de seus familiares e companheiros de luta. Um tanto superficial, mas uma ótima porta de entrada para aqueles (sobretudo os mais jovens) que desejam conhecer melhor quem foi essa figura que marcou o seu lugar na história do Brasil.
No dia 13 de agosto, uma sessão na Câmara dos Deputados, fez a devolução simbólica do mandato de deputados cassados em 1948, quando o Partido Comunista foi levado à clandestinidade. Dentre eles, foram homenageados os baianos Jorge Amado e Carlos Marighella.
No seu último CD, Abraçaço, Caetano Veloso inseriu a faixa “Um Comunista”, canção feita em homenagem a Marighella.
Durante a ocupação na Câmara de Vereadores de Salvador, promovida pelo Movimento Passe Livre, lá esteve exibida por diversos dias uma bandeira com a imagem de Marighella. Era o seu rosto estampado na frente do poder Legislativo da cidade, em pleno Centro Histórico de Salvador.
Eventos surgem aqui e ali, como a recente exposição fotográfica realizada por estudantes da UFBA, dedicada à Marighella, com direito à exibição de um vídeo produzido por eles e o relançamento do documentário.
No futebol, um grupo de torcedores do Vitória, denominado Brigada Marighella, já está confeccionando a sua bandeira em sua homenagem, que deverá tremular nas arquibancadas do Barradão a partir dos próximos jogos.
Em breve o também baiano e torcedor do Vitória Wagner Moura irá dirigir uma ficção sobre Marighella, produzido pela O2 de Fernando Meirelles e baseado no livro “Marighella – o guerrilheiro que incendiou o mundo”, do escritor Mário Magalhães.
E em uma das recentes passeatas realizadas em Salvador, uma parada especial: o monumento em homenagem ao deputado (e filho de ACM) Luiz Eduardo Magalhães, localizado em uma das principais avenidas da cidade. Na oportunidade, os manifestantes substituíram a placa que homenageava Luiz Eduardo Magalhães por uma simbólica, homenageando Carlos Marighella. No ato, uma canção para descontrair:
“Eu quero homenagear
A minha cidade tão bela
Tira Luiz Eduardo
Bota Carlos Marighella”
E assim a História vai aprontando das suas, sendo escrita e reescrita, vista e revista, voltada e revoltada!
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