Direção: Wes Anderson
No período entre as duas guerras mundiais, o famoso gerente de um hotel europeu conhece um jovem empregado e os dois tornam-se melhores amigos. Entre as aventuras vividas pelos dois, constam o roubo de um famoso quadro do Renascimento, a batalha pela grande fortuna de uma família e as transformações históricas durante a primeira metade do século XX.
Wes Anderson é um daqueles diretores que sabe muito bem o que está fazendo. Que trabalha plano a plano, para não escapar nenhum detalhe. Sua fotografia se sobressai à própria narrativa, constrói os personagens e dá a graça do conteúdo.
Em O grande hotel Budapeste, cada detalhe diz muito. E como o filme inteiro é repleto de planos bem detalhados, cada segundo gera significado. Como um grande quadro, em que cada parte pintada tem seu simbolismo.
O jogo de narração também é um caso à parte no filme. Começa com um personagem que, ao encontrar outro, confere a ele a continuidade da narração. A narração de um, a partir da narração de outro, a partir da narração de um livro. Ou seja, uma troca de perspectivas e adaptações que, por fim, revela o próprio resultado da obra: uma história baseada em fatos reais, onde autores e personagens contam a sua versão. A versão final, portanto, é uma sobreposição de narrações. A história real é sempre ficcional.
O filme pode tropeçar no ritmo em alguns momentos, mas sempre se restabelece Afinal de contas, Wes Anderson sabe o que faz. E o cinema seria mais pobre sem os personagens bizarros construídos pelo diretor, em todos os seus filmes.
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