quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

11 – A educação proibida (La educación prohibida) – Argentina (2012)


Direção: German Doin, Verónica Guzzo
O documentário debate os modelos atuais de educação, considerados anacrônicos, defasados e prejudiciais à formação das crianças e jovens. Essa produção independente questiona esse modelo e propõe novas perspectivas para a educação, com base em experiências de centros educacionais de diversos países da Europa e América do Sul.


O filme traz um debate fundamental e indispensável sobre o modelo educacional que queremos para o mundo que queremos. O debate entre os personagens e a extensão desse debate entre os que o assistem são os pontos altos da obra. Senti falta de apresentarem de forma mais clara as experiências das "escolas" que utilizam novos modelos - se passou um tempo exagerado para criticar o modelo atual e pouco tempo para mostrar as novas possibilidades e os resultados que se tem obtido. Isso sem falar nos apelos dramáticos que enfraqueceu o filme. Mas, é possível relativizar esses dois pontos e se pautar na questão central: é preciso discutir o modelo de educação. É preciso mudar o modelo de educação.



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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

10 – Tabu (Tabu) – Portugal (2012)


Direção: Miguel Gomes
Uma idosa temperamental, uma empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais partilham o mesmo andar em um prédio em Lisboa. Quando a primeira morre, as outras duas passam a conhecer um episódio do seu passado.

Fiquei admirado com a fotografia, mas incomodado com a estética. Tabu é um daqueles filmes em que você continua olhando fixamente para a tela por alguns minutos após o seu término. Pensando: “que porra é essa?”. Tentando organizar na mente tudo o que acabou de ver.

Desceu indigesto, mas não ruim. Fiquei pensando nas razões que levaram o filme de Miguel Gomes a ser tão reverenciado. Não entendia, mas não discordava. Precisei ler muito, diversas críticas e análises para, aos poucos, ir digerindo o filme. Continuo sem compreendê-lo como eu gostaria, mas concordo que é um filme espetacular, mágico, que exige do espectador um mergulho por toda a sua profundidade cinematográfica.


Aquele querido mês de agostotambém é estranho e eu gostei muito. Já Tabutalvez seja ainda melhor quando revisto. Mas, de antemão, reconheço: Miguel Gomes é um diretor diferenciado, incomum. Com ele, o cinema só tem a ganhar.


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domingo, 26 de janeiro de 2014

09 – Faroeste Caboclo (idem) – Brasil (2013)


Direção: René Sampaio
João do Santo Cristo deixa Salvador em busca de uma vida melhor e parte para Brasília, onde se envolve no tráfico de drogas. Lá, no entanto, conhece Maria Lúcia, por quem se apaixona, mas terá de rivalizar com o também traficante Jeremias. Adaptação para o cinema da canção "Faroeste Caboclo", da banda brasiliense Legião Urbana.

Uma música que, por si só, já é cinematográfica. Quem já escutou e cantou a canção provavelmente já criou a sua própria representação imagética. Cada brasileiro que tem a Legião Urbana em seu repertório já criou o seu próprio Santo Cristo, sua própria Maria Lúcia e seu próprio Jeremias. Cada um de nós já montou em nossas mentes a cena de Santo Cristo sendo estuprado na prisão, roubando o dinheiro que as velinhas colocavam na caixinha do altar e, finalmente, sendo morto no duelo às duas horas, na Ceilândia, em frente ao lote 14.

Ou seja: René Sampaio já começou em desvantagem. Como se não bastasse o desafio de filmar uma das mais importantes canções de uma das mais importantes bandas do país, ele ainda teve que concorrer com milhões de brasileiros – e futuros espectadores – que já possuíam o seu próprio filme construído na sua cabeça. Portanto, a chance de frustrá-los era enorme. E foi o que aconteceu.

Pelo que li em diversos comentários, o filme foi uma decepção. Mas não para mim. Talvez porque eu tenha visto sem sete pedras na mão, como um fã desconfiado que assiste pensando “quero só ver o que esse cara fez com a música do meu ídolo”. Eu vi sem muita desconfiança, talvez seja por isso que eu tenha gostado e reconhecido o bom trabalho do diretor.

Evidente que não é nenhuma obra-prima do cinema nacional. Mas, é um filme que merece ser visto e respeitado. Acho que Renato Russo teria gostado.


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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

08 – Tampopo – os brutos também comem spaghetti (Tampopo) – Japão (1985)


Direção: Juzo Itami
Tampopo (Nobuko Miyamoto) é uma viúva dona de restaurante determinada a dominar a arte do ramen - tradicional macarrão de origem chinesa. Em sua saga ela recebe é orientada por Goro (Tsutomu Yamazaki), um misterioso motorista de caminhão especialista no assunto.

Em Tampopo o cardápio principal são os alimentos. Do começo ao fim. E está presente em todas as passagens do filme: no sexo, na morte, na briga, na festa, no amor, na maternidade.

Não me assustaria se descobrisse que o diretor na verdade é um chef de ofício, que resolveu fazer um filme para testar os seus dotes e divulgar as suas receitas.

Apesar de não ser nenhuma iguaria, Tampopoenche a barriga. Desafio qualquer um a assisti-lo e, no final, não correr para a cozinha preparar algo para comer. No meu caso, tentei imitar o prato principal do filme. Cozinhei o macarrão do miojo, depois aproveitei sua água ainda quente e dissolvi o pó do tempero artificial, para servir de sopa. Joguei a massa e a sopa em um tapwere (uma tigela improvisada), acrescentei ovo cozido e umas sobras da geladeira: frango desfiado, com pedaços de pimentão, cebola e tomate bem refogados. E ficou muito bom! Na falta de saké, bebi uma cachacinha mineira. Na falta dos pauzinhos: colher e garfo. E, assim, saciei minha fome, provocada pelo filme.

Assista Tampopo e invente a sua própria receita!!!


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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

07 – Pantaleão e as visitadoras (Pantaleón y las visitadoras) – Peru (2000)


Direção: Francisco J. Lombardi
Capitão Pantaleão Pantoja (Salvador Del Solar) é um bom marido e excelente profissional. Pantoja é convocado para uma estranha missão: comandar um time de prostitutas que, a bordo de barcos, segue pelos rios saciando os desejos dos soldados que ficam meses sem ver uma mulher. Durante a seleção das Visitadoras, ele conhece a estonteante Colombiana (AngieCepeda), uma mulher envolvente que, com seu belo corpo leva o militar à loucura.

Tão sexy quanto machista.

A comédia se passa na selva peruana, onde um capitão estrategista e esforçado é escalado para comandar uma tropa de prostitutas, cuja função é aliviar a tensão sexual dos soldados na fronteira. O filme é divertido, leve e excitante. Mas, também, muito machista. Para as mulheres, as únicas opções são: servir de objeto sexual, ser interesseira, ou uma “Amélia” pronta para servir incondicionalmente ao marido.

O filme é bom, mas nada espetacular.


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domingo, 19 de janeiro de 2014

06 – Os 12 Macacos (Twelve Monkeys) – Estados Unidos (1995)


Direção: Terry Gilliam
No ano de 2035, James Cole aceita a missão de voltar ao passado para tentar decifrar mistério envolvendo vírus mortal que levou à morte da maior parte da humanidade. Tomado como louco, no passado, ele tenta provar sua sanidade a uma médica, sua única esperança de mudar o futuro.

Um vai e vem de tempos: presente, passado, futuro. Uma confusão, que ora enriquece a trama, ora a enfraquece. Uma história que promete ser bem inteligente, mas se encerra com um pouco de frustração.

A atuação de Brad Pitt é excelente! Um de seus melhores trabalhos.

Os 12 macacos é um daqueles filmes em que é necessário revê-lo, para se ter uma compreensão e opinião mais precisas.


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Por indicação de Alucards Corner, compartilho o curta-metragem francês La Jetée, dirigido por Chris Marker, em 1962. Um curta que ousa não apenas na sua estética (uma espécie de fotonovela narrada), quanto na sua história: uma ficção científica complexa e criativa. Esse curta não apenas influenciou, mas serviu de base para Os 12 Macacos. Recomendadíssimo!



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

05 – Trama macabra (Family Plot) – Estados Unidos (1976)


Direção: Alfred Hitchcock
Taxista e falsa médium fazem pequenos golpes. Metem-se em enrascada quando, ao investigar antigo caso de sumiço de sobrinho de viúva, cruzam com sequestradores.


Último filme de Alfred Hitchcock!



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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

04 – Dente canino (Kynodontas) – Grécia (2009)


Direção: Giorgos Lanthimos
Pai, mãe e três filhos vivem nos arredores de uma cidade. A casa é isolada por uma alta cerca que os filhos nunca puderam ultrapassar. Eles são educados, entretidos, entediados e exercitados da maneira que seus pais acham correto, sem nenhuma interferência do mundo externo.

Um filme psicótico. Uma espécie de A Vila, mas sem o mesmo suspense e a proposta de sociedade alternativa. Em Dente Canino, a perspectiva é pessoal, de um casal que monta em sua casa um verdadeiro laboratório com cobaias humanas.

Uma grande viagem, que deixa o espectador perplexo.

Um desfecho impactante.

E atores extremamente corajosos e competentes.


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domingo, 12 de janeiro de 2014

03 – Barry Lyndon (Barry Lyndon) – Inglaterra (1975)


Direção: Stanley Kubrick
A história de um pobre irlandês do século XVIII que se tornou parte da nobreza. Baseado na obra de William Makepeace Thackeray.

O filme parece quadros pregados na parede, com personagens vivos circulando por dentro deles. Uma fotografia espetacular, como uma obra de arte por onde os atores habitam.

A paisagem seria na Irlanda, se Kubrick não tivesse sido incluído na lista de alvos do IRA e tivesse que rodar o filme na Inglaterra.

O resultado deu certo.


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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

02 – Help me eros (Bang bang wo ai shen) – Taiwan (2007)


Direção: Kang-sheng Lee
Em meio a uma crise econômica do país, Ah Jie acaba perdendo tudo no mercado de ações. Desesperado, ele passa a viver solitariamente em seu apartamento, fumando maconha e cuidando da pequena plantação da erva que mantém secretamente dentro de casa. Chegando próximo ao fundo do poço, pensa e se matar e decide ligar para uma linha telefônica de ajuda. É então que conhece a jovem Chyi, cuja voz suave e gentil faz o rapaz se apaixonar.


Pelo visto não foram só os personagens que passaram o filme todo chapados. Mas também os atores, o roteirista, o diretor, o montador...


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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

01 – Mulheres e luzes (Luci del varietà) – Itália (1950)


Direção: Frederico Fellini; Alberto Lattuada
Trupe de saltimbancos que percorre a Itália no início dos anos 1950 é liderada pelo carismático Checco. Certo dia, Liliana, uma bela jovem do interior que sonha em ser atriz de sucesso, começa a fazer de tudo para entrar na companhia, chegando a seduzir Checco. Com isso, ela provoca ciúmes em Melina Amour e discórdia no resto do grupo. Estréia de Fellini na direção. A brasileira Vanja Orico (de ''O Cangaceiro'') participa do elenco.

O primeiro filme de 2014: Mulheres e Luzes, que foi o primeiro filme de Frederico Fellini.

O cineasta italiano tinha 30 anos quando o dirigiu, que já contava com a participação de sua musa Giulietta Masina, na época com 29 anos.

Em Luci del Varieta, Fellini já esboçava algumas das suas características futuras, como a trupe de personagens bizarros, a sensualidade e ousadia feminina e a miscelânea artística, com direito a espetáculos de dança e música. É possível perceber, também, uma sementinha do que viria a germinar Ensaio de Orquestra, além dos closes capazes de capturar de forma aguçada as expressões de Giulietta, recorrentemente utilizada pelo diretor em outros filmes, especialmente em Noites de Cabíria.

De um modo geral, Mulheres e Luzes é bem verde, se comparado ao restante da filmografia do gênio Fellini, o que é obviamente natural. Mas irretocável é a trilha sonora, digna de cineastas mais experientes, e que ainda conta com “Meu limão, meu limoeiro”, cantarolado pela brasileira Vanja Orico.


2014 começa bem!


E 2014 tem novidade: Cine Az. Um cineminha lá em casa, onde reúno os amigos para desfrutar da sétima arte - e depois, claro, os obrigo a comentar! A primeira convidada foi minha mãe, que assim comentou:

Se não me engano foi o primeiro filme de Fellini. Já começava a delinear os personagens que ficariam conhecidos como "fellinianos"... Um filme de arte, como todos os seus filmes, mostrando a simplicidade e a diversidade do mundo mambembe, com críticas veladas que é sua marca. Fotografias em branco e preto com muita luz, ou com falta dela, faz parte da sua linguagem. Muito bom filme.



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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Top 5 - JANEIRO

5 Filmes para botar a mochila nas costas e viajar.


1. Quão longe (A que distância / Qué tan lejos) – Equador (2006)
Direção: Tania Hermida
Uma estrangeira. Uma nativa. E todo o Equador pela frente.

2. O mundo é grande e a salvação espreita ao virar a esquina (Svetat a Golyam i Spasenie Debne Otvsyakade) – Bulgária (2008)
Direção: Stephan Komandarev
Um avô com lembranças marcantes. Um neto que se recupera de um acidente. E uma estrada que leva da Alemanha até a Bulgária.

3. Uma história real (The straight story) – Estados Unidos (1999)
Direção: David Lynch
Um vovô. Um cortador de gramas. 390 km pelas estradas estadunidenses.

4. Viajantes e Mágicos (Travellers and Magicians) – Butão (2003)
Direção: Khyentse Norbu
Viajantes. Mágicos. E as belíssimas paisagens do Butão.

5. A viagem para o mar (El viaje hacia el mar) – Uruguai (2003)
Direção: Guillermo Casanova
Idosos rabugentos. Adultos idiotas. E as estradas uruguaias que desembocam no mar.

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